terça-feira, 12 de maio de 2020

RUBENS MANOEL LEMOS


Rubens Manoel Lemos nasceu no Sítio Pixoré, atualmente município de Santana do Matos (RN), em 7 de junho de 1941. 

Aos 16 anos foi para o Paraná. Um irmão, Osório, havia ido para Querência do Norte, cidade da qual chegou a ser prefeito. Foi o primeiro político da família Lemos.

Começou a trabalhar em rádio e jornal em 1958, ingressando na Radio Londrina e na Folha de Londrina. Com 19 anos já era editor do segundo caderno do jornal, função que ocupou por 6 anos.

Começou fazendo esportes e terminou passando por todas as editorias e escalões do jornalismo.

Depois, recebeu o convite para ser o chefe de reportagem do jornal Ultima Hora, de Samuel Wainer. Dividiu a redação com Samuel Wainer e Nilson Rimoli, os dois maiores jornalistas que, segundo ele, conheceu. Paralelamente, ao trabalho no Jornal, Rubens Lemos fazia rádio. Agitador e contestador, liderou então o primeiro movimento grevista do rádio brasileiro, paralisando por oito dias uma das principais emissoras do Paraná, ao lado de 23 companheiros. Surgia ali o guerrilheiro urbano.

Em 1964, aos 22 anos assumiu a direção da principal emissora do Paraná, a Rádio Atalaia de Maringá e, posteriormente, a rádio Atalaia de Londrina. Foi exatamente quando veio o Golpe Militar. Rubens se posicionou contra a ditadura. A sua rádio não se submeteu às imposições dos militares. Em represália, a emissora foi tirada do ar. Com prisão decretada,passou a se esconder dos militares. Foi para o Mato Grosso do Sul, atrás de um irmão, mas ao chegar lá ele já estava preso por questões políticas.

Retornou para Natal, onde se refugiou.

Trabalhou nos jornais da cidade. Na rádio, fazia programa que intercalava música e política (A grande parada) e comentava futebol. Com isenção, apesar de torcedor do ABC. Uma das cabines de imprensa do estádio Frasqueirão, do clube alvinegro de Natal, leva seu nome.

Rubens Lemos ajudou a organizar a Ação Libertadora Nacional, de Marighella, no estado. Depois, rompeu e se organizou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário – PCBR, a convite do advogado Juliano Siqueira. Caiu na clandestinidade quando um aparelho do PCBR foi desbaratado e lá constava uma lista de aparelhos pelo Nordeste – dentre os quais um, no RN, tinha Rubens como fiador no contrato do aluguel.

Mandou sua primeira esposa e três filhos de volta para o Paraná. Pouco tempo depois, fugiu de um cerco policial e conseguiu, a duras penas, chegar ao exílio no Chile. Não sem antes passar fome no Rio e em São Paulo, ser desprezado pela família, fugir para o Uruguai disfarçado de torcedor do Palmeiras, encontrar o ex-prefeito de Natal Djalma Maranhão e o presidente deposto João Goulart.

No exílio viveu situações inusitadas, como receber entre os companheiros um brasileiro supostamente membro do PCBR. Desconfiados, revistaram sua mala e encontraram uma passagem aérea de volta ao país. Quem se exila com passagem de volta? Anos depois, Rubens Lemos encontrou esse brasileiro entre seus interrogadores nos aparelhos da repressão ditatorial.

Voltou ao Brasil, em 73, antes do golpe de Pinochet, com a missão de retirar um companheiro da organização do país. Para isso, trouxe dólares que precisavam ser trocados. Havia também uma missão de imprimir material da organização para a propaganda revolucionária. Encontrado, o companheiro que devia sair do país pediu-lhe um tempo para que pudesse participar de uma ação conjunta com outras organizações prevista para se realizar em São Paulo. Àquela altura, a luta armada urbana estava sendo destroçada e as organizações se uniam para ações conjuntas.

Saudoso da família, Rubens veio para Natal onde, primeiro, ficou hospedado com um primo, Aldemir Lemos, conhecido como o Velho pela esquerda potiguar. Não foi cuidadoso. Nos primeiros dias depois de chegar a Natal, as pessoas encontravam Aldemir e perguntavam por Rubens, pois sabiam que ele estava em Natal.

O material do PCBR foi impresso em um parque gráfico do governo do estado, pelas madrugadas. Era um volume de poesias latino-americanas revolucionárias. Não se conhece que algum exemplar tenha sido preservado até hoje.

Um dia saiu para trocar os dólares e foi preso no bairro do Alecrim.

O companheiro que ele precisava tirar do país foi morto na ação a qual pediu para participar antes de fugir.

Ficou preso por cerca de dois meses, primeiro em Natal e depois no DOI-CODI em Recife. Lá foi torturado todos os dias durante 33 dias. Foi deixado amarrado ao relento no pátio da instituição. Teve dentes quebrados e unhas arrancados. A vilania das torturas o deixou com sequelas no reto e ânus até o fim da vida.

Na prisão, encontrou gente como Mata Machado, líder da AP, que lhe pediu para dizer que morreria mas não havia entregue ninguém.

Um dia, foi posto por engano na mesma cela que um outro preso, mais velho, absolutamente estropiado pela tortura. Disse ao homem uma frase marcante: “Você não vai morrer mesmo que eles lhe matem”.

Chegaram a invadir sua cela, ainda em Natal, homens encapuzados, para executá-lo. Ao ouvirem sua voz, um dos homens o reconheceu do rádio. “Você é Rubens Lemos?”, perguntou. “Sou”. “Ninguém toca nesse”.

Um de seus interrogadores, Cursio Neto, usava o codinome de Dr. Fernando e lia a Bíblia enquanto torturava suas vítimas.

Saiu da cadeia.

Reorganizou o PCBR quando voltou o pluripartidarismo, mas o partido decidiu ingressar no PT como uma de suas correntes.

Em 1982, foi o primeiro candidato a governador pelo PT no RN.

Atuou depois na gestão de Dante de Oliveira na prefeitura de Cuiabá (MT).

Deixou o Diretório Nacional do PT quando seu filho Marcos, também do PCBR, foi preso em uma tentativa de assalto frustada ao Banco do Brasil no campus de Canela da UFBA, em Salvador, na última ação armada que se tem conhecimento no país, já em abril de 1986.

Criticava a Anistia que perdoou torturadores, que nunca foram punidos, e torturados, que sofreram nas mãos de sádicos que agiam em nome do Estado.

Quando, eleito Collor, ele indicou o Brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro como comandante da Marinha, Rubens o identificou como um de seus torturadores. Apesar da polêmica nacional gerada pela denúncia, o brigadeiro permaneceu no cargo. Caiu por denúncias de corrupção pouco tempo depois.


Rubens morreu em 1999, dias antes de completar 58 anos de idade, vítima de alcoolismo que, provavelmente era sua forma de lidar com toda a dor que a Ditadura Militar trouxe. A tortura mata a alma.

Deixou sete filhos. Entre eles, eu, o caçula.

Sobre a série premiada que Rubens Lemos escreveu sobre sua experiência no exílio, você pode ler esse artigo: 
https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/2201
FONTE – OLHO NO DISCURSO

RUBENS MANUEL LEMOS


RUBENS MANUEL LEMOS, natural de Santana do Matos - RN, nascido a 7 de junho de 1941, FILHO DE José Ferreira Lemos e de Maria Bartulina Lemos. Casou-se com HELENA REALI, com quem teve três filhos: LUCIA, MARCOS WILSON e FABIO CÉSAR. Casado em segunda núpcias com ISOLDA MARIA CARNEIRO DE MELO, com quem teve três filhos:RUBENS MANOEL RUBENS FILHO, IASMINE LEMOS, CAMILO LEMOS e DANIEL DANTAS. Militante de esquerda, candidato a governador pelo PT no pleito eleitoral de 15 de novembro 1982, obtendo 3207 votos.Comando o programa de Rádio “A GRANDE PARADA”, na Rádio Poti, Rubens faz críticas ao Regime Militar. Tem início à perseguição que o levou ao exílio ao regime Militar no Chile, e , na volta ao Brasil, aos porões da Ditadura Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCRB), retornou ao Brasil para ajudar um companheiro a sair do país. Acabou preso no DOI-Codi, no Recife, tendo sido barbaramente torturado. Um dos seus algozes foi o famigerado delegado SÉRGIO PARANHOS FLEURY, imagem e semelhança da repressão. Ele trabalhou nos Rádio NORDESTE, TROPICAL, RURAL DE NATAL, TABAJARA DE JOÃO PESSOA, VILA REAL DE CUIABÁ e foi correspondente do Diário de Pernambuco. Rubens Lemos morreu em 4 de junho de 1989.
Gostaria que corrigissem alguns erros:Faleceu no dia 04 de junho de 1999 em Natal /RN, aos 57 anos.Recebeu vários prêmios como jornalista, por retratar prisões, torturas e testemunhos da época de ditadura no Brasil. Um desses prêmios ele dedicou aos jornalistas. Dizia: “JORNALISTA NÃO FAZ DISCURSO, ACOMPANHA A HISTÓRIA. É SUJEITO E OBJETO DELA.”. E foi como sujeito e objeto da história , que Rubens Lemos viveu grande parte da sua vida. Os momentos, temas de muitas matérias, enfocaram o fato dele ser sujeito da história, uma história de torturas, lutas e vitórias. Aos 16 anos , como todo nordestino que sonha alto, foi tentar ganhar a vida sozinho , veio para o Paraná. Autodidata, entrou para a vida do rádio e jornal em 1958, ingressando na Radio Londrina e na Folha de Londrina. Com 19 anos já era editor do segundo caderno do jornal, onde ficou 6 anos. Ele começou fazendo esportes e terminou passando por todas as editorias e escalões do jornalismo lá dentro. recebeu o convite para ser o chefe de reportagem do jornal “Ultima Hora. Dividiu a redação com Samuel Wainer e Nilson Rimoli, os dois maiores jornalistas que segundo ele, conheceu. Paralelamente, ao trabalho no Jornal, Rubens Lemos fazia rádio. Agitador e contestador, liderou então o primeiro movimento grevista do rádio brasileiro, paralisando por oito dias uma das principais emissoras do Paraná, ao lado de 23 companheiros. Surgia ali o mais jovem guerrilheiro urbano. Em 06 de setembro de 1961 se casa com Maria Helena Reali, em 09 de julho de 1962 nasce sua primeira filha, Lucia Irene Reali Lemos, em 18 de dezembro de 1963 nasce seu segundo filho, Marcos Wilson. Em 1964, aos 22 anos assumiu a direção da principal emissora do Paraná, a Rádio Atalaia de Maringá e posteriormente, a rádio Atalaia de Londrina. Foi exatamente quando veio o golpe militar. Rubens se posicionou contra a ditadura. A sua rádio foi a única que não se submeteu às imposições dos militares. Em represália , a emissora foi tirada do ar. Com prisão decretada, o jornalista passou a se esconder dos militares. Foi para o Mato Grosso do Sul, atrás de um irmão, mas ao chegar lá ele já estava preso por questões políticas. Refugiou-se em Natal. Lá foi repórter, foi editor geral em Jornais (TRIBUNA DO NORTE E DIÁRIO DE NATAL) e nas rádios Rubens fazia narração de futebol (outra de suas grandes paixões) também teve um programa de música popular brasileira “A grande parada” Na Rádio Cabuji de Natal, considerado de grande audiência, teve o dissabor de voltar a clandestinidade. O programa vivia sob os olhares da repressão.. Rubens terminava o programa todas as noites dizendo: “até amanhã, se deixarem”. Em 28 de maio de 1967 nasce seu terceiro filho, Fábio Cesar. Por ajudar muitos companheiros clandestinos perseguidos pela ditadura militar, terminou novamente com a repressão na sua cola, no final dos anos 60, abril de 1969 – Envia sua esposa e seus três filhos para se esconderem em Londrina, Paraná. Depois de fugir de um cerco com ajuda de amigos, exilou-se no Chile. Ficou lá três anos trabalhando no Conselho de Desenvolvimento Social do Chile. Com o golpe militar naquele país em 1973, ele deixou clandestinamente o Chile para voltar , clandestinamente ao Brasil. Destino: Natal novamente. Lá foi delatado e acabou sendo levado para Recife, onde foi preso e torturado. Por 60 dias No DOI-CODI, conviveu com outros presos políticos, e viu muitos deles serem mortos nas celas. Rubens, também estava condenado a morrer. Na Europa foi noticiada a sua morte e houve uma denúncia pelos exilados brasileiros. Alguém que ele nunca soube quem foi, apontou seu nome e poupou-o da morte. Foi posto em liberdade no dia 21 de novembro de 1974. A partir desta data, não parou mais com sua luta ... e brigou pela ANISTIA de muitos companheiros que, hoje fazem parte da nossa política no cenário nacional.
FONTE - INTERNET

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